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What are the design matters?

Quais são as matérias da arquitectura?

Por certo, num nível primário, estamos a falar de matérias como materiais - o que substancia e corporiza - ou da volumetria intersticial pelo construído, a tão gasta palavra espaço. Nível primário e primeiro, pois a arquitectura necessita da existência física: a construção. E da reacção desta ao passar do tempo, as transformações operadas pelos elementos, a contínua metamorfose que simultaneamente degenera e qualifica.

Sabemos que há outras: o âmbito da actuação, a(s) áreas disciplinar(es), o corpo imagético, teórico e ideológico. Claro, também a incorporação nos mecanismos económicos e nas relações sociais e laborais.

Mas essencialmente, a matéria que mais nos interessa, são as emoções. As de quem toma a arquitectura como ofício e (como) o pratica, e, sobretudo, as emoções dos que vão usar, habitar, percorrer e sentir. Sensoriais e perceptivas. Estamos a falar de protecção, bem-estar, conforto e harmonia, mas também de poder, identidade e espiritualidade.

A arquitectura só existe para as pessoas. Vivas. Mesmo num projecto de abrigo para animais, a mediação da nossa percepção da realidade - os nossos sentidos - é em absoluto impositiva. A chamada “arquitectura dos mortos” só existe porque os vivos (usualmente designados – e que significado isto tem – os que ficam) reclamam simulacros de perenidade, placebos para a inevitável deterioração física, instrumentos para a memória. E esta é transversal a todo o pensamento e intervenção arquitectónica.

A memória - e a transmissão da memória, a comunicação - é a matriz essencial do ser humano. Toda a nossa percepção está indissociavelmente marcada pelas experiências anteriores, as próprias e, sobretudo as recebidas, aprendidas ou apreendidas de forma consciente ou subliminar. As emoções são condicionadas, conformadas por experiências anteriores e criadas por uma trama de expectativas pré-instaladas e dirigidas. A cultura.

Tratamos de emoções, falamos da cultura que as adjectiva, corporiza e condiciona.

Se a própria noção de cultura tem tantas interpretações, a matriz cultural varia numa complexa teia de vectores sobrepostos como a geografia, a idade, o género, a preparação académica, a posição social, a religião e tantos outros.

E, como nos deparamos sempre com diferentes culturas - desde um nível global, às pequenas comunidades, ao indivíduo – falamos de distintas percepções emocionais.

É este o nosso “barro”.